É possível prevenir situações de “bullying”?...

  
Sempre me interessei pelas questões relacionadas com o “bullying”, mesmo antes de conhecer a palavra e aquilo que ela representa. E digo isto porque, desde muito nova, tenho dificuldade em ver uma criança ou um jovem a sofrer, muito em particular quando está a ser alvo de troça, humilhação ou abusos por parte de alguém que detém ou julga deter “o poder”.

Como considero esta temática muito importante, irei dedicar-lhe alguma atenção nas próximas publicações. No entanto, o meu foco não estará propriamente nos casos que definem o conceito original de “bullying”. Isto é, apesar de existirem pessoas que, num determinado momento das suas vidas, escolhem alguém supostamente frágil para gozar, humilhar ou magoar (física ou emocionalmente), de uma forma intencional e repetida, podendo mesmo levar esta ação ao extremo, não é nestes casos mais graves que a minha reflexão se vai focar.

Focar-me-ei, sim, nas situações que ocorrem no dia a dia das crianças e dos jovens, que muitas vezes não chegam a ser consideradas “bullying”, pela ausência de intenção de magoar por parte do suposto agressor ou pela ausência de repetição, mas que, só por si, já podem causar danos.

Todos nós já passámos por situações em que nos sentimos gozados, humilhados, revoltados ou tristes devido a algo que outra pessoa nos disse ou fez. E a forma como nos sentimos vai depender do nosso temperamento, das crenças que acolhemos até àquele momento, da nossa autoestima, do contexto envolvente (se há pessoas a assistir, por exemplo) e de outros elementos.

O mais curioso é que, como referi anteriormente, nem sempre aqueles que “gozam” ou “atacam” têm a verdadeira intenção de magoar. Por vezes, estão apenas a “brincar” ou a deixar-se levar pela imaturidade característica de algumas idades…

Se, nestes casos, houver a intervenção de um adulto que possa ajudar esta criança a perceber que há coisas que não se devem dizer ou fazer, pois podem magoar o outro, ajudamo-la a desenvolver compaixão e empatia, tão necessárias para o equilíbrio saudável de uma sociedade.

Por outro lado, se o adulto conseguir ajudar a “vítima” a desenvolver autoconfiança e a compreender que também ela pode ter um papel nesta dinâmica, esta sentir-se-á menos frágil e poderá adotar comportamentos que ajudem a prevenir futuras situações de “bullying”.

Daí que um fator decisivo, nestas situações, seja a forma como as crianças e os jovens (não só os alvos, mas também os observadores) reagem aos supostos “ataques”. Isto poderá, muitas vezes, fazer a grande diferença.

Aproveito para reforçar uma mensagem que vários autores têm feito questão de passar: “O mais importante não é o que nos acontece, mas sim a forma como reagimos ao que nos acontece”.

E podemos constatar esta realidade no dia a dia, uma vez que, perante a mesma situação, há miúdos que reagem a rir, enquanto outros reagem muito mal, sentindo que o mundo inteiro está contra eles. Infelizmente, ainda são muitas as crianças e jovens (e não só…) que sofrem, tantas vezes em silêncio, por se sentirem assim. E eu acredito que nós, pais e educadores em geral, temos a capacidade de os orientar e de os ajudar.

Acredito também que existem atitudes e comportamentos que encorajam a vitimização, assim como existem atitudes e comportamentos que encorajam o abuso. Estando conscientes de todos estes elementos, é possível começarmos a agir de modo a prevenirmos situações de “bullying”.

Na próxima publicação, contarei uma história que se passou comigo e que revela como o medo e a baixa de autoestima podem ser demolidores…

Abraço amigo e até lá!

Manuela Mota Ribeiro

 

 

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